RIO - Mergulhar nas profundezas geladas do lago Baikal, na Sibéria, não foi apenas um capricho do cineasta James Cameron. O
passeio submarino, com o qual comemorou seus 56 anos no último domingo, serviu como inspiração para o diretor escrever a sequência de "Avatar".
"Imagine: a próxima parte de 'Avatar' se desenvolve no oceano de Pandora. E para alguns de seus habitantes servirão de protótipo as criaturas que observei durante minhas imersões", explicou o cineasta canadense nesta quarta-feira. em entrevista ao canal de TV Rússia 24.
Lançado no fim de 2009, a ficção científica ambientalista "Avatar" tornou-se rapidamente
a maior bilheteria da história do cinema . Com isso, Cameron quebrou seu próprio recorde, já que "Titanic" era, até então, o filme mais visto de todos o tempos. O que também significa que o cineasta pode se dar ao luxo de pesquisas de campo extravagantes, como a do último domingo.
Cameron contou que no fundo do Baikal, o lago mais profundo da Terra, "há criaturas muito pequenas, mas quando ampliamos suas imagens vemos seres muito interessantes". O lago abriga 848 espécies únicas, que não são encontradas em nenhum outro canto do planeta, como o golomianka, um peixe vivíparo que vive a mil metros de profundidade, e o diminuto caranguejo epishura, que mede poucos milímetros. "Estamos a 258 metros e descendo, e a vida é bela", disse o cineasta, num trecho do mergulho exibido pelo canal de TV russo.
Cameron fez seu passeio pelo Baikal no submarino Mir-1, conduzido pelo oceanógrafo russo Anatoli Sagalevich, seu amigo e presidente da Fundação de Proteção do Baikal. "Já estava há cinco anos sem subir a bordo do Mir, e o aniversário foi uma boa oportunidade de fazê-lo", disse Cameron. Sagalevich já havia guiado Cameron em outra aventura submarina, quando o diretor filmou as sequências submersas de "Titanic", em 1997.
Participaram do mergulho sua mulher, Susan Amis, dois oceanógrafos americanos e a escritora Maria Wilhelm, autora do livro "Avatar". A bordo do Mir-1, eles desceram a uma profundidade de 1.350 metros.
Sagalevich revelou ainda à TV russa que recentemente Cameron ofereceu seus dois submarinos, Mir-1 e Mir-2, à British Petroleum, para tentar conter o vazamento de petróleo no Golfo do México. "Falamos durante um mês sobre isso. James tentou por todos os meios conseguir nossa participação no fim do vazamento, mas a BP se negou categoricamente", contou o oceanógrafo.